sexta-feira, 24 de junho de 2011

Aula sobre a Crise do século XIV

http://dl.dropbox.com/u/1669217/A_Grande_Fome.pdf

Aula sobre o Renascimento do século XII

http://dl.dropbox.com/u/1669217/Renascimento%20Aula_CAP.pdf

Documentário sobre a Peste Negra ( em 6 partes)

A peste negra

A peste negra






Também chamada de peste bubônica, assim ficou conhecida a pandemia que, vinda da China em navios mercantes, entre 1347 e 1350, rapidamente se espalhou para diversos países com conseqüências desastrosas, reduzindo a população européia em aproximadamente um terço (cerca de 25 milhões de pessoas).
A peste não escolhia vítimas, morriam mulheres, crianças, nobres, clérigos e camponeses. Durante este período a produção agrícola e industrial diminui muito, houve escassez de alimentos e de bens de consumo. Os efetivos militares diminuíram, a nobreza empobreceu e ocorreu a ascensão da burguesia, que detinha a exploração do comércio. Todos estes fatores provocaram grandes mudanças sociais. Devido à ignorância das pessoas naquela época, cogitava-se a possibilidade da peste ser um castigo de Deus.
O causador da peste negra foi um bacilo chamado Pasturella Pestis (descoberto posteriormente no final do século XIX) presente em roedores tais como ratos e suas pulgas (Xenopsilla cheopis). Estes foram os responsáveis pelo contágio de seres humanos. A peste era extremamente agressiva chegando a matar em três dias.




Havia três formas da peste se manifestar:
Peste bubônica – a mais comum, que se caracterizava pela inflamação dos gânglios linfáticos do pescoço, virilhas e axilas,
Pneumônica – atacava os pulmões
Septicêmica – atacava o sangue, ocasionando hemorragias em diversas partes do corpo.
A doença alastrava-se facilmente entre as pessoas através de espirros e tosse com pus e sangue. O aspecto dos doentes era horrível, os tumores secretavam sangue e pus, a urina, o suor, a saliva e o escarro apresentavam aspecto escurecido (daí o nome peste negra). Há relatos de que as pessoas acometidas pela peste fediam muito. Entre os sintomas é importante ressaltar a febre alta e dores fortíssimas.
Na Idade Média, como não havia cura, as pessoas usavam vinagre pra tentar se defender, tendo em vista que tanto os ratos quanto as pulgas evitam seu cheiro. O número de mortos era tão grande que eram abertas enormes valas comuns. Com a descoberta dos antibióticos a doença antes tida como mortal, atualmente é facilmente controlada. São usados neste caso estreptomicina, tetraciclinas, clorafenicol, gentamicina e doxiciclina.

A Crise do Século XIV


Durante a crise feudal, a Peste Negra diminuiu os contingentes populacionais da Europa.
O crescimento demográfico, observado na Europa a partir do século X, modificou o modelo auto-suficiente dos feudos. Entre os séculos XI e XIII a população européia mais que dobrou. O aumento das populações impulsionou o crescimento das lavouras e a dinamização das atividades comerciais. No entanto, essas transformações não foram suficientes para suprir a demanda alimentar daquela época. Nesse período, várias áreas florestais foram utilizadas para o aumento das regiões cultiváveis.

A discrepância entre a capacidade produtiva e a demanda de consumo retraiu as atividades comerciais e a dieta alimentar das populações se empobreceu bastante. Em condições tão adversas, o risco de epidemias se transformou em um grave fator de risco. No século XIV, a peste negra se espalhou entre as populações causando uma grande onda de mortes que ceifou, aproximadamente, um terço da Europa. No século XV, o contingente populacional europeu atingia a casa dos 35 milhões de habitantes.

A falta de mão-de-obra disponível reforçou a rigidez anteriormente observada nas relações entre senhores e servos. Temendo perder os seus servos, os senhores feudais criavam novas obrigações que reforçassem o vínculo dos camponeses com a terra. Além disso, o pagamento das obrigações sofreu uma notória mudança com a reintrodução de moedas na economia da época. Os senhores feudais preferiam receber parte das obrigações com moedas que, posteriormente viessem a ser utilizadas na aquisição de mercadorias e outros gêneros agrícolas comercializados em feiras.

Os camponeses, nessa época, responderam ao aumento de suas obrigações com uma onda de violentos protestos acontecidos ao longo do século XIV. As chamadas jacqueries foram uma série de revoltas camponesas que se desenvolveram em diferentes pontos da Europa. Entre 1323 e 1328, os camponeses da região de Flandres organizaram uma grande revolta; no ano de 1358 uma nova revolta explodia na França; e, em 1381, na Inglaterra.

Passadas as instabilidades do século XIV, o contingente populacional cresceu juntamente com a produção agrícola e as atividades comerciais. Em contrapartida, a melhoria dos índices sociais e econômicos seguiu-se de novos problemas a serem superados pelas sociedades européias. A produção agrícola dos feudos não conseguia abastecer os centros urbanos e os centros comerciais não conseguiam escoar as mercadorias confeccionadas.

Ao mesmo tempo, o comércio vivia grandes entraves com o monopólio exercido pelos árabes e pelas cidades italianas. As rotas comerciais e feiras por eles controladas inseriam um grande número de intermediários, encarecendo o valor das mercadorias vindas do Oriente. Como se não bastassem os altos preços, a falta de moedas impedia a dinamização das atividades comerciais do período. Nesse contexto, somente a busca de novos mercados de produção e consumo poderiam amenizar tamanhas dificuldades. Foi assim que, nos séculos XV e XVI, a expansão marítimo-comercial se desenvolveu.

domingo, 12 de junho de 2011

A Europa das cidades: do renascimento do século XII a meados de Quatrocentos


_ Mapa das principais cidades europeias da Idade Média; repare-se na grande concentração urbana em Itália, o centro do antigo Império Romano, e na região a norte de Paris.

_ Pintura a fresco de Ambrogio Lorenzetti, executada entre 1337 e 1340, no Palácio comunal de Siena, Itália. É um exemplo da intensa actividade de uma cidade medieval.

A fragmentação politica da unidade imperial romana, a partir da segunda metade do século V, origina uma Europa dividida em vários reinos, dominados por chefes guerreiros de origem goda. Iniciava-se assim um período de profunda ruralização da vida económica, social e mesmo religiosa, pois os mosteiros estavam sobretudo localizados em meio rural e em locais naturalmente inóspitos. As cidades perdem a sua antiga importância e muitas das suas estruturas vão-se degradando. Este cenário inverte-se a partir da segunda metade do século XI, e consolida-se uma tendência contínua de crescimento ao longo do XII e XIII: a progressiva melhoria das condições climatéricas (aumento da temperatura), as campanhas de arroteamentos e as inovações técnicas proporcionam o aumento da produtividade agrícola e a consequente melhoria das condições de vida das populações; tanto o aumento demográfico como a existência de excedentes agrícolas levam à revitalização dos centros de comércio local e regional, e naturalmente das próprias cidades, criando-se assim as condições para o desenvolvimento de indústrias variadas, embora ainda de forma artesanal. A grande crise económica e demográfica iniciada nos começos do século XIV, que a deflagração da Peste Nega em 1348 veio agravar, não alterou, contudo, o crescimento em número e importância das cidades na dinâmica da Europa ocidental. E nesta época destacam-se, de facto, duas grandes áreas no contexto europeu, pela sua dinâmica económica e urbana: as cidades da Itália, no sul, e as da Flandres, a norte.
Jean Lelong, monge cronista do século XIV, explica como da afluência de uma população móvel junto das muralhas de um antigo burgo, se densenvolveu uma nova cidade, Bruges (situada na actual Bélgica):
"(...) para satisfazer as faltas e necessidades dos da fortaleza, começaram a afluir diante da porta, junto da saída do castelo, negociantes, ou seja, mercadores de artigos custosos, em seguida taberneiros, depois hospedeiros para a alimentação e albergue dos que mantinham negócios com o senhor, muitas vezes presente, e dos que construíam casas e preparavam albergarias para as pessoas que não eram admitidas no interior da praça. O seu dito era: «vamos à ponte». Os habitantes de tal maneira se agarraram ao local que em breve aí nasceu uma cidade importante que ainda hoje conserva o seu nome vulgar de ponte, porque brugghe significa ponte em linguagem vulgar."
Fernanda Espinosa, Antologia de textos históricos medievais, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1972, p. 199


A Formação do Estados Europeus Modernos AULA DIA 06/06/2011

A Formação do Estados Europeus Modernos AULA DIA 06/06/2011

O Renascimento do Século XII


Introdução
O  Renascimento do século XII consistiu num conjunto de transformações  culturais, políticas, sociais, e económicas ocorridas nos povos da Europa ocidental. Nessa época ocorreram eventos de grande repercussão: a renovação da vida  urbana, após um longo período de vida rural, girando em torno dos castelos e mosteiros; o movimento das Cruzadas, a restauração do comércio, a emergência de  um novo grupo social (os burgueses) e, sobretudo, o renascimento cultural com um  forte matiz científico-filosófico, que preparou o caminho para o renascimento italiano,  eminentemente literário e artístico.

Século  XI e XII

Nos séculos XI e XII começaram a ocorrer várias mudanças sociais, políticas  e econômicas. Evoluções técnicas possibilitaram o cultivo de novas terras e  aumentaram a diversidade dos produtos agrícolas, que sustentaram uma população  que cresceu rapidamente. O crescimento populacional e o aumento da produtividade  agrícola permitiram um fortalecimento da vida urbana. As cidades cresceram e  tornaram-se centros de comércio e artesanato, abandonando a sua dependência  agrária, em torno dos castelos e dos mosteiros. Muitas cidades européias,  chamadas de burgos, acabaram por tornar-se livres das relações servis e do  domínio dos nobres (senhores feudais) se transformando em ilhas de capitalismo em  um continente feudal. O comércio estava em franca expansão e se impôs como uma  das atividades econômicas mais determinantes da sociedade. Surgiu um novo grupo  social: os burgueses (habitantes dos burgos), dedicados essencialmente ao  comércio
O renascimento comercial
O renascimento comercial na Idade Média beneficiou  principalmente as  cidades italianas, alguns dos motivos foram:
• Localização geográfica favorável (Mar Mediterrâneo); 
• Fortalecimento das ligações comerciais com o Oriente, durante a Quarta  Cruzada, onde se obteve o direito à distribuição de mercadorias orientais pelo continente europeu. 
• As regiões norte e sul da Europa foram interligadas por rotas terrestres e  fluviais criadas pelas atividades comerciais. As feiras eram os locais de compra e venda de produtos dos negociantes. Até o século XIV, as feiras  mais importantes eram na região de Champanhe, França. 
• Esse comércio possibilitou o retorno das transações financeiras, o  reaparecimento da moeda, ou seja, deu vida às atividades bancárias. Com  isso a terra deixava de ser a única fonte de riqueza e um novo grupo social  surgiu, os mercadores ou comerciantes.

Renascimento urbano
As cidades assumiam papéis diversificados durante o passar dos tempos. Na  época do feudalismo, as cidades serviam apenas como centros religiosos e militares  além de serem ligadas ao feudo. O crescimento delas só começou a surgir quando o  comércio se expandiu.
Na época do feudalismo, o Senhor feudal tinha controle tanto no campo como  na cidade. Não havia distinção de cidade e campo. No começo a maioria das  cidades eram cercadas por altas muralhas, fazendo assim um núcleo urbano,  chamado burgo. Mas com o aumento da população os burgos ultrapassaram os  limites das muralhas. Então os habitantes dos burgos passaram a ser os  comerciantes e artesãos, também chamados de burgueses. Com o progresso do comércio e do artesanato, o crescimento social da burguesia também foi notado.
O desenvolvimento de rotas entre os diversos povos reduziram as distâncias,  facilitando não só o comércio de bens físicos, como também a troca de idéias entre  os países. Nesse ambiente receptivo, começam a ser  abertas novas escolas ao  longo de todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores.
 No campo intelectual, as mudanças são também fruto  do contacto com o mundo oriental e árabe através das Cruzadas e do movimento de Reconquista da  Península Ibérica. Na altura, o mundo islâmico encontrava-se bastante avançado em  termos intelectuais e científicos. Os autores árabes tinham mantido durante muito  tempo um contacto regular com as obras clássicas gregas (Aristóteles, por exemplo),  tendo feito um trabalho de tradução que se tornaria valioso para os povos ocidentais,  já que por este meio voltaram a entrar em contacto  com as suas raízes eruditas  entretanto "esquecidas".